Acima das tecnologias, das relações familiares ou de conflitos homem versus máquina, o ponto central de Papert em “A Família em Rede” é a aprendizagem e os seus processos. Fica-nos clara a ideia de que o autor é fortemente influenciado pela corrente Construtivista da aprendizagem (e é, também, influenciador) já dos capítulos anteriores, mas é neste que se assume como tal. Desde que comecei a pensar sobre o pensamento que me apercebi de que é efectivamente possível aprender sem que ninguém nos ensine, e este capítulo fez-me recordar, de novo, os meus tempos de meninice.
Já disse que era um miúdo louco por computadores e jogos de vídeo, o que não disse foi que a única coisa que me apaixonava igualmente era o bem-dito Lego.
Já disse que era um miúdo louco por computadores e jogos de vídeo, o que não disse foi que a única coisa que me apaixonava igualmente era o bem-dito Lego.

Não estou a dizer, com isto, que a aprendizagem por pergunta-resposta ou os métodos tradicionais são ineficazes, o que está em causa é como a aprendizagem auto-dirigida supera esses outros métodos na medida em que não se fica apenas pela apreensão de conteúdos, vai para além disso: desenvolve outras competências, desenvolve esquemas cognitivos e outros estilos de aprendizagem. É nesse particular que os computadores oferecem a sua maior utilidade em termos pedagógicos: a possibilidade de desenvolver a mente e não se ficar pela transmissão de conteúdos (que não deixam de ser fundamentais). Há tempos, na aula de TDC, a professora Adelaide Pires disse-nos uma frase que ilustra bem o que estou a apoiar: “diz-me e vou-me esquecer, mostra-me e talvez me lembre, envolve-me e aprenderei.”